TESES e DISSERTAÇÕES G.P Formação Sócioespacial: Mundo, Brasil e Regiões
O Grupo de Pequisas “Formação sócio-espacial: Mundo, Brasil e Regiões”, apresentação
Por Armen Mamigonian, 2011.
O Grupo de Pesquisas “Formação sócio-espacial: Mundo, Brasil e Regiões”, ligado ao CNPQ, reúne geógrafos de vários estados brasileiros, sobretudo de Santa Catarina (UFSC, UDESC e outras). Sua origem longínqua situa-se nos anos 1960, com a publicação do Atlas Geográfico de Santa Catarina, do DEGC, sob a direção de Carlos Augusto Figueiredo Monteiro, e dos estudos sobre as cidades de Brusque e Blumenau. Estas primeiras pesquisas foram bem recebidas por Aroldo de Azevedo (Brasil, a terra e o homen, Edusp), Gerd Kohlhepp (Industrie Geographie der Nordostlichen Santa Catarina) e Antônio de Castro (Sete ensaios sobre a economia brasileira, Ed. Forense), entre outros.
Na verdade, conseguimos abordas vários temas geográficos importantes ao longo dos anos: 1) tipologia das cidades catarinense, como as cidade de residência de fazendeiros de gado (Lages), já analisadas por Victor A. Peluso Júnior, as cidades industriais de origem alemã (Blumenau), as cidades litorâneas de origem açoriana (Florianópolis) e assim por diante, 2) redescobrimos a existência das terras comunais nas ãreas de povoamento açoriano no litoral catarinense, já apontadas nos estudos de Virgílio Várzea, 3) constatamos a utilização maciça de mão-de-obra feminina jovem na indústria têxtil de Brusque e Blumenau, em rápida rotação de recrutamento e substituição, como já havia ocorrido na industria japonesa na primeira metade do século XX, como também o uso de operários-colonos, que também havia ocorrido no Japão e na Europa.
Estas pesquisas ajudaram a impulsionar outros estudos sobre o fenômeno industrial em S. Catarina e desde então a bibliografia não parou de aumentar, resultando em vários orientações teóricas diferentes, como a interpretação de P.Singer sobre a industrialização de Blumenau, dando ênfase ao papel do capital comercial (Desenvolvimento econômico e a evolução urbana, 1968, cap.3) ou a de O. Bossle (A industrialização em S.Catarina, 1880-1945, USP, 1985) destacanto o papel dos empresários “schumpeterianos”, como o armador carioca Henrique Lage e outros. Na verdade, hoje em dia, a bibliografia é enorme.
A partir dos anos 80 numerosos geógrafos de S.Catarina e de outros estados defenderam mestrados e doutorados na UFSC e na USP com temas geográficos mais amplos, como a história do pensamento geográfico, redes comerciais em S.Catarina e no Sul do Brasil, economia do arroz em S. Catarina, etc. Alguns enveredaram em estudos sobre a China e a Coréia do Sul, resultando na criação do Núcleo de Estudo Asiáticos na UFSC, que conta com o apoio prestimoso do embaixador Amaury Porto de Oliveira. Contando com um bom número de pesquisadores em S. Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Alagoas constituiu-se o grupo de pesquisas acima referido.
Estes avanços não teriam sido possíveis sem a colaboração fundamental de Ignácio Rangel, que esteve inúmeras vezes em S.Catarina, pois o grupo tem utilizado, com bons resultados, as categóricas teóricas caras a este intelectual, como modos de produção e formações sociais e seus ricos ensinamentos sobre a formação social brasileira: 1) a inserção dinâmica do Brasil no ciclo longo mundial (Kondratieff), crescendo nas fases expansivas pela participação na divisão internacional do trabalho também crescendo nas fases depressivas, substituindo importações, de acordo com as ideias de Raul Prebisch, e assim diminuindo a distância que nos separa do centro do sistema capitalista, 2) a marcha do capitalismo industrial brasileiro, construído de cima para baixo, pela “via prussiana”, 3) o processo de substituição industrial de importações desde 1930 em etapas (ciclos juglarianos brasileiros), combinando capacidades ociosas e nós-de-estrangulamento, 4) o reconhecimento de que a inflação não é o “bicho de sete cabeças” e por isto mesmo não pode ser combatida por políticas econômicas recessivas, mas sim com crescimento econômico, provocando o aumento da oferta em relação à demanda.
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Teses e Dissertações de integrantes e estudiosos ligados ao Grupo de Pesquisas “Formação sócio-espacial: Mundo, Brasil e Regiões”
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1990. ; MAMIGONIAN, A. . Estudos de Geografia Econômica e de História do Pensamento Geográfico 2005 (Tese de Livre Docência).